A força de uma Flor, a coragem de uma Águia

A semente não pode saber o que lhe vai acontecer, a semente jamais conheceu a flor. E a semente não pode nem mesmo acreditar que traga em si a potencialidade para transformar-se em uma bela flor. Longa é a jornada, e sempre será mais seguro não entrar nessa jornada, porque o percurso é desconhecido, e nada é garantido. Nada pode ser garantido. Mil e uma são as incertezas da jornada, muitos são os imprevistos e a semente sente-se em segurança, escondida no interior de um caroço resistente. Ainda assim ela arrisca, esforça-se; desfaz-se da carapaça dura que é a sua segurança, e começa a mover-se. A luta começa no mesmo momento: a batalha com o solo, com as pedras, com a rocha. A semente era muito resistente, mas a plantinha será muito, muito delicada, e os perigos serão muitos.
Não havia perigo para a semente, a semente poderia ter sobrevivido por milênios, mas para a plantinha os perigos são muitos. O brotinho lança-se, porém, ao desconhecido, em direção ao sol, em direção à fonte de luz, sem saber para onde, sem saber por quê. Enorme é a cruz a ser carregada, mas a semente está tomada por um sonho, e segue em frente.

Podemos ser semente para sempre, passando despercebidos por essa vida, ou nos arriscarmos a virar flor. Cada flor é singular. Sejamos únicos, insubstituíveis. Vamos fazer história. Não sejamos apenas mais um na multidão, melhor, não sejamos multidão.

Uma Águia consegue viver de até 80 anos. A Águia representa a beleza, a força, ela é um símbolo de destreza. Mas quando chega aos 40 anos se vê em uma situação complicada. A Águia se encontra com as penas velhas, grossas e pesadas, fazendo com que voar seja difícil, já não tão rápidas assim. Seu bico, assim como suas garras estão tão curvadas que caçar já é praticamente impossível. Ela tem duas opções: morrer de fome ou passar por um processo difícil e doloroso. A coragem de uma águia é tanta que a maioria delas opta pelo doloroso processo. A Águia então se recolhe no alto em montanha rochosa. Ao se instalar a Águia com seu bico começa a arrancar pena por pena, até ficar totalmente depenada. Depois arranca garra por garra. Por fim, ela começa a bater com o bico na parede da montanha até que seu bico caia. A Águia então se encontra feia, fraca. Mas com o tempo vão nascendo novas penas, finas, leves, lindas. Um bico forte e afiado, junto com garras firmes e precisas. Assim a Águia renasce! E está pronta para viver mais 40 anos sendo uma inspiração para quem a admira.

Escrevi esses dois textos pois as vezes temos medos que nos impedem de brilhar, assim como nos deparamos com escolhas que não parecem ser tão justas. A verdade é que devemos arriscar. Pois "quem não arrisca, não petisca". Não temos nada antes de nos arriscarmos, assim como Bob Dylan fala em sua música: "when you got nothing, you got nothing to lose". Logo, por que não?

Peace&Love > Ray L.